Meia Lua.
Lua, com a lua que lhe falta.
Metades separadas pelas facetas da natureza.
Acompanha de cima a meninada peralta.
Que brinca com a vida com tanta esperteza.
Ilumina os caminhos dos que não sentem falta.
Pois vivem sob o véu da noite seus momentos de safadeza.
Assim, com os olhos arregalados, o corujo observa atentamente.
Momentos obscuros de pura malícia e destreza.
Dos homens decididos a entorpecer a mente.
Com tudo aquilo que vai à cama e à mesa.
Se brinca então, de infância perdida.
Sobre os ventos gelados da covardia.
A cada instante uma pedida.
No desejo de não sentir o calor da luz do dia.
Que traz consigo a ressaca prometida.
E logo depois a certeza da infindável melancolia.
Some de vez assim a lua.
E logo atrás seu nobre esbugalhado.
Que não tem uma casa pra chamar de sua.
Mas que em si consegue ficar ancorado.
Perto de si e longe da rua.
Que poderia ter-lhe dado a fama de ultrassado.
Com sua vida nua e crua.
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