segunda-feira, 19 de março de 2012

O Corujo.

Vigilante das noites.

Avista de longe, lá no horizonte, a claridade do dia que o amedronta e o apavora.

Cujo poder pode mostrar ao mundo a face do vampiro.

Perdura noite adentro com seus olhos abertos, ansiosos para se fechar, mas que uma força incomensurável os mantém ligados.

Corujo ansioso de ter a própria ansiedade. Se coloca numa roda gigante de emoções e pensamentos, que lentamente lhe consomem noite adentro.

Faminto, angustiado por uma vontade imensa de dormir, de consumir-se em sono profundo. Fome que não o deixa ser gente.

Empoleirado nos galhos do ócio, idéias vão e vêm, como dias e noites. Pensamentos que se repetem, como dias monótonos de um trabalho repetitivo e laborioso. Sem aparente mudança.

O turbilhão de sensações lhe entorpece a mente e o corpo sente. Fica imóvel, sem chance de reagir à sua própria profundidade interna.

Pequeno Corujo. Vórtice de uma imensidão permanente que lhe consome num redemoinho sem fim.

O Corujo.

2 comentários:

  1. Esta é a sensação. Mas tem saída, o mundo não é Kafkaniano, é muito mais como descrevia Eça. Leia Eça durante a insonia, será a melhor diversão da vida.

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  2. Muito bom! Espero que continue em seus mergulhos internos e permita que seus sentimentos e pesamentos submerjam, sintam o efeito da luz. O caminho parece clarear e o sentido a tomar forma, expor a busca de se perecber uma alma humana.

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